Os índios Xoclengue pertenciam ao grande grupo jê, em tribos de até 30 pessoas. Ocupavam uma extensa área do sul do Paraná ao norte do Rio Grande do Sul, abrangendo a região da Mata Atlântica entre o litoral e o planalto, uma vez que eram nômades.
A anta era a caça preferida, mas também comiam carne de porco-do-mato, veado, macaco e tatu. Costumavam, ainda, fazer farinha de pinhão e eram especialistas na arte da cerâmica e na fabricação de cestos.
Nas caminhadas, era comum que as mulheres escolhessem onde acampar. Costumavam cremar os mortos junto com os utensílios e armas deles, enterrando as cinzas e fazendo uma choça em cima da sepultura.
Os Xoclengue eram também chamados de botocudos, devido ao adorno de madeira que os meninos usavam no lábio inferior perfurado, o botoque. O lábio inferior do menino era furado e nele era introduzido um pequeno botoque, o qual ia sendo substituído por outros maiores, até a idade adulta.
Com o avanço do povoamento do sul do Brasil, esses índios foram aos poucos perdendo as terras que habitavam. A ocupação dos campos por grandes fazendas de criação de gado prejudicou o acesso à caça e à coleta especialmente do pinhão, um alimento muito importante para eles.
No início do século XX houve um intenso processo de caça aos índios, principalmente pelos chamados “bugreiros” — homens especializados nesse trabalho que costumavam penetrar mata adentro em busca de populações indígenas.
Atualmente, os descendentes do grupo inicial vivem na reserva indígena Duque de Caxias, no município de José Boiteaux (antiga Ibirama), Porto Velho e Rio dos Pardos.
índios Xoclengue de Santa Catarina
Cacique caiapó Raoni Metuktire usando botoque. 2011.