Em 1548, diante das dificuldades de colonização das terras brasileiras e com o auxílio dos donatários das capitanias, o rei de Portugal decidiu adotar medidas mais concretas para administrar e colonizar o Brasil, criando o sistema de governo-geral, que centralizou a administração sem, contudo, acabar com o regime das capitanias hereditárias.
Para ser o responsável por esse órgão foi escolhido Tomé de Souza, navegador experiente em longas viagens marítimas à África e à Índia, que recebeu a capitania da Bahia, antes pertencente a Francisco Pereira de Coutinho, morto após um naufrágio por índios Tupinambá. Tomé de Souza fundou ali a cidade de Salvador, que depois se tornou a primeira capital do Brasil.
Este primeiro governador-geral trouxe para o Brasil mais de 1 000 pessoas, entre elas, funcionários para cuidar da administração, soldados e colonos. Foram criados cargos auxiliares, como ouvidor-mor (responsável pela justiça), provedor-mor (cobrança de impostos) e capitão-mor (defesa do litoral dos ataques inimigos). A presença dos primeiros jesuítas também foi admitida e ficavam encarregados da catequese dos indígenas.
Os jesuítas, pertencentes à Companhia de Jesus, foram muito importantes na conquista e na colonização do Brasil, desde a sua chegada em 1549, no governo-geral de Tomé de Souza, até 1759, quando foram expulsos do Brasil.
CALIXTO, Benedito. Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu. 1927. Museu Paulista da USP.
A primeira vila do Brasil, fundada em 1532 e batizada de Vila de São Vicente, ficava na região que hoje pertence ao litoral paulista e, com o tempo, ficou bastante conhecida por traficantes de escravos que aportavam na região para abastecerem seus navios e repará-los a fim de que pudessem continuar sua viagem.
A região em que se localizava São Vicente, no entanto, apresentava muitas dificuldades naturais, pois a serra (atual Serra da Mantiqueira) era um obstáculo quase impossível de ser superado pelos colonizadores. Por esse motivo, a vila não prosperou como se imaginava.
Por sua vez, uma região vizinha – a do atual planalto paulista – possuía um clima estável, terrenos mais acessíveis, uma extensa rede de rios, além de uma vegetação que não dificultava muito a circulação de pessoas pelo seu interior.
LEGRAND, C. Padre António Vieira pregando aos índios. Ca. de 1841. Litografia. Acervo do Arquivo Ultramarino de Portugal, Lisboa.
Em 1550, dois colégios jesuítas já funcionavam na Bahia e em São Vicente. Eles abrigavam meninos órfãos e visavam principalmente à formação de sacerdotes para auxiliar o trabalho missionário.
Com o passar do tempo, os colégios atenderam também os colonos e seus filhos, transformando-se nas únicas escolas então existentes. Além de difundir os ensinamentos religiosos, essas instituições ensinavam a ler e escrever, fornecendo os mínimos conhecimentos de que os colonos precisavam.
A atuação dos padres jesuítas com relação ao ensino era muito influenciada pela religião católica e pelos costumes e crenças europeias.
Em 1551 foi criado o primeiro bispado no Brasil, dando pleno impulso à atividade evangelizadora dos indígenas com a ação dos missionários.
Paralelamente à instituição e à atuação dos órgãos públicos ligados ao poder dos governadores-gerais, desenvolveu-se um poder de administração local nas vilas, por meio da criação das Câmaras Municipais.
As Câmaras Municipais eram controladas pelos chamados “homens bons”, proprietários de terras, de escravos e de gado que formavam a camada social dominante na colônia. As Câmaras, defendendo os interesses dos proprietários, fiscalizavam a atuação dos capitães e funcionários da Coroa portuguesa no Brasil. Também cuidavam de diversos assuntos, como fundação de vilas, cobrança de tributos, preços das mercadorias, expedições exploratórias, enfim, toda a administração dos municípios.
Com o segundo governador-geral, Duarte da Costa, cujo governo durou de 1553 a 1558, vieram mais jesuítas para o trabalho de catequese, entre eles os padres José de Anchieta e Manoel de Nóbrega que fundaram o Colégio de São Paulo, dando origem à cidade de São Paulo em 25 de janeiro 1554.
Pátio do colégio, marco zero da cidade de São Paulo.
O terceiro governador-geral foi Mem de Sá, que promoveu a expulsão dos franceses da região onde foi fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, por seu sobrinho Estácio de Sá.
Na região do atual planalto paulista chegaram muitos colonos vindos do litoral e outros vindos da região do nordeste. Em sua maioria, não eram nobres, pelo contrário: eram pessoas que vinham por incentivo da Coroa portuguesa para a colonização efetiva das terras brasileiras.
Essas pessoas fundaram, com o tempo, pequenos núcleos de povoamento que tinham características bastante diferentes dos enormes engenhos coloniais da região nordeste. Esses núcleos também tiveram sua importância durante a colonização do Brasil e deixaram marcas profundas na cultura colonial brasileira, muitas das quais persistem até os nossos dias.
O estilo de vida desses povos que se instalaram na região sudeste do país contribuiu para a consolidação do movimento chamado de bandeiras, responsável por explorar terras que iam além do litoral, chegando ao interior do país.
SILVA, Oscar Pereira da. Fundação da Cidade de São Paulo. 1909. Óleo sobre tela, 185 cm x 340 cm. Museu Paulista, São Paulo.